Fernando Antonio Abrahão (In Memoriam) – historiador, pesquisador. Titular Cadeira 11 e presidente do IHGGC (2017-2022)
Apresenta-se com imensa satisfação a sétima edição da Revista do Instituto Histórico, Geográfico e Genealógico de Campinas (IHGGC), ano 2021. Nesse momento, ainda nos preocupamos com o andamento da pandemia do Coronavirus, mas, felizmente, os resultados da ação sanitária dos profissionais conscientes e éticos revelam o abrandamento dos números diários de mortos – apesar de atingir-se o triste número de mais de 600 mil cidadãos falecidos em cerca de 20 meses de pandemia – bem como de internados em hospitais com os casos mais graves da doença. As principais razões estão fundadas no desenvolvimento científico das vacinas e na disseminação de costumes relacionados ao bom enfrentamento social da doença. Por isso, quem apoiou a ciência e acreditou em palavras precisas e verdadeiras hoje se sente bem em confiar nos estudos criteriosos e em desvaler as propagandas negacionistas apregoadas por estadistas que juntam política e religião no mais desprezível malefício social da atualidade.
Esse é justamente o tema que abre esse número 7 da Revista do IHGGC. Ciência não é crença, de Adilson Roberto Gonçalves, reflete sobre as consequências da guerra cotidiana deflagrada pelo atual presidente da República e seus ministros criacionistas contra o desenvolvimento da educação e do conhecimento científico. Todavia firme e elucidativa, a importância da ciência aflora no artigo seguinte: A importância da natureza nos primórdios de Campinas (século XVIII), onde Celso do Lago Paiva nos revela a forte dependência de ecossistemas naturais e seus recursos diversificados para a colonização da região centro-leste paulista.
Boa parte das questões sobre a urbanização está discutida nos artigos subsequentes. Em: Elevação da Freguesia de Campinas à Vila de São Carlos, Valdir Oliveira nos apresenta seu estudo dessa fase emblemática local, baseado na documentação oficial; Já em: Disputas pela terra (Campinas, 1822-1842), Cláudia Fuller nos mostra que antes mesmo de se tornar a grande produtora agrícola nacional, o solo da região já era bem concorrido. Em: Campinas, seus distritos e desmembramentos: 1850-2000, Cláudia Baltar avança na história administrativa da comarca, indicando distritos e os posteriores desmembramentos de alguns deles em novos municípios.
Em: Ferrovias e estações no município de Campinas, Henrique Annunziata registra o desenvolvimento econômico e a importância socioeconômica e cultural de um dos maiores e mais equipados complexos ferroviários da sua época, no país. Em seguida, com: Edward Lane, o modelador do bairro Guanabara, Gilberto Gatti nos oferece seu estudo sobre as origens do bairro tradicional, desde 1881, momento de extremo enriquecimento obtido com a agricultura de exportação. Para atualizar o tema da urbanização, A formação da Metrópole e a desconcentração industrial paulista (1970-1990), de Fabíola Rodrigues, evidencia os nexos entre a interiorização do desenvolvimento econômico, a urbanização, o crescimento demográfico da região.
O terceiro tema desta obra é o trabalho. Em: Ambulantes em Campinas: estratégias de resistência e sobrevivência no cenário urbano (1929-1940), Flávia Rodrigues problematiza a importância dessa atividade comercial no cenário da formação urbana e a busca pessoal por melhores oportunidades econômicas. A imigração e os imigrantes compõem o recorte dos dois artigos posteriores. Em: Trabalho, vivências e imigração em uma plantation brasileira: os arquivos da Fazenda Ibicaba (1890-1970), Leonardo Gardenal e Bruno Witzel discorrem sobre o significativo projeto de preservação e análise da documentação da fazenda pioneira na fixação de trabalhadores imigrantes em São Paulo. Depois, em: O imigrante e o negócio familiar: estudos de casos, Fernando Abrahão apresenta seu estudo sobre as origens e as passagens de direção de duas empresas entre as gerações de familiares.
Na sequência desta obra enaltece-se a memória iconográfica e escrita. Em: Transformação urbana de Campinas vista em antigos cartões postais, Luiz Salvucci nos presenteia com uma significativa amostragem de sua coleção de cartões postais, que sintetizam o desenvolvimento da cidade. Na mesma direção está o artigo de Sônia Fardin: Imaginário urbano: a iconografia da cidade no final do século XIX, com sua análise da importância dos documentos fotográficos para a apresentação da cidade.
Já em: A baronesa de Ataliba Nogueira e a recepção a Santos Dumont, Eliane Morelli traz à luz as formalidades e os serviços de alimentação oferecidos quando da passagem de Santos Dumont, em 1903, para o lançamento da pedra fundamental do monumento túmulo do Maestro Carlos Gomes; Fortalecendo o rico tema, Nadja Prado apresenta a expressiva participação de um dos principais fotógrafos e colecionador de imagens de Campinas: Aristides Pedro da Silva, com V-8 e a preservação da memória pela iconografia. Finaliza-se a leitura com o artigo de Flávio Godoy Carnielli sobre três personagens emblemáticos da cultura campineira: Jolumá Brito, Júlio Mariano e José de Castro Mendes.
Como editor da Revista IHGGC de número 7 (ano 2021), e presidente do Instituto Histórico, Geográfico e Genealógico de Campinas (2017-2022), historiador e pesquisador da História de Campinas, agradeço aos leitores e especialmente aos autores pela qualidade dos trabalhos aqui publicados. Tenham uma ótima leitura!
A obra está à venda na Livraria Pontes: R. Dr. Quirino, 1223 – Centro, Campinas – SP, 13015-081, nas principais livrarias do país, no site da Editora: http://ponteseditores.com.br/loja/index.php?route=product/product&product_id=1513 / ou pelo WhatsApp: 19-99756.8640.
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SUMÁRIO DA REVISTA DO IHGGC N. 7 – 2021 / Table of Contents |
Apresentação / In this issue
Fernando Antonio Abrahão – Presidente 2017/2022 |
Ciência não é crença
Adilson Roberto Gonçalves |
A importância da natureza nos primórdios de Campinas (Século XVIII)
Celso do Lago Paiva |
Elevação da Freguesia de Campinas à Vila de São Carlos
Valdir Oliveira |
Disputas pela terra (Campinas, 1822–1842)
Cláudia Maria Fuller |
Campinas, seus distritos e desmembramentos: 1850-2000
Cláudia Siqueira Baltar |
Ferrovias e Estações no município de Campinas
Antonio Henrique Felice Annunziata |
Edward lane, o modelador do Bairro Guanabara
Gilberto Gatti |
Formação da metrópole e a desconcentração industrial Paulista (1970-1990)
Fabíola Rodrigues |
Ambulantes em Campinas: estratégias de resistências e sobrevivência no cenário urbano (1929-1940)
Flávia de Matos Rodrigues |
Trabalho, vivências e imigração em uma plantation brasileira: os arquivos da Fazenda Ibicaba (1890-1970)
Bruno Gabriel Witzel de Souza e Leonardo Antonio Santin Gardenal |
O imigrante e o negócio familiar: estudos de casos
Fernando Antônio Abrahão |
A transformação urbana de Campinas vista em antigos cartões postais
Luís Eduardo Salvucci Rodrigues |
Imaginário urbano: a iconografia da cidade no final do século XIX
Sonia Aparecida Fardin |
A Baronesa de Ataliba Nogueira e a recepção a Santos Dumont
Eliane Morelli Abrahão |
V-8 e a preservação da memória pela iconografia
Nadja Regina de Oliveira Prado |
Os narradores de Campinas
Flávio de Godoy Carnielli |
Os autores / The authors |