Antonio Henrique Felice Annunziata – historiador, pesquisador. Titular da Cadeira 21 do IHGG Campinas.
Resumo:
Este artigo apresenta um resumo da minha pesquisa sobre as 5 empresas ferroviárias e as 53 estações ferroviárias que funcionaram no município de Campinas, desde 1872 até o fim da década de 1930. Meu objetivo é oferecer uma contribuição para o reconhecimento da importância socioeconômica e cultural de um dos maiores e mais equipados complexos ferroviários da sua época, no país.
Railways and railway stations in the Campinas municipality (SP, Brazil).
Abstract:
This article presents the summary of my research about the 5 railway companies and the 53 railway stations that operated in Campinas (SP, Brazil), from 1872 to the end of the 1930s. I wish to offer a contribution to the recognition of the socioeconomic and cultural importance of one of the largest and most equipped railway complexes of its time, in Brazil.
* * *
Entre os últimos dez anos do século XIX e o início da primeira década do XX, Campinas abrigou, entre os bairros da Ponte Preta e Guanabara, um dos maiores pátios ferroviários da América, com três grandes ferrovias: a Paulista, a Mogyana, a Sorocabana, e duas pequenas: o Ramal Férreo Campineiro e a Funilense, chegando a ter no munícipio, conforme meu levantamento, 53 estações.
Baseado em minha dissertação de mestrado, defendida no IFCH da Unicamp em 2013, este artigo oferece uma visualização do conjunto operacional de estações, chaves, paradas postos telegráficos e entroncamentos, cujos percursos optei demonstrar por meio de tabelas e verbetes contendo a nomenclatura inicial e final das estações, pois várias mudaram de identificação ao longo do tempo. Mostro as datas de inauguração destes pontos, para acompanharmos cronologicamente seu funcionamento. No item munícipio, adotei os nomes das atuais cidades onde se localizariam as estações se ainda estivessem ativas, sendo que as novas cidades mencionadas foram distritos e vilas do munícipio de Campinas, à época.
Companhia Paulista de Estradas de Ferro
A rapidez e a segurança do transporte da produção cafeeira, de passageiros e de informações foram motes para os investimentos privados no transporte ferroviário paulista. De início, firmou-se um vínculo entre um grupo de empreendedores ingleses e Irineu Evangelista de Sousa, o Barão de Mauá, de cuja união constituiu a São Paulo Railway.
O projeto inicial da empresa inglesa começava no Porto de Santos e chegava até a cidade de Rio Claro. Mas, o levantamento topográfico do trajeto fez a empresa alterar esse plano. A extrema dificuldade para transpor o terreno da Serra do Mar, com altitude em torno de 832 metros em desnível próximo de 8 quilômetros, determinava a solução do caríssimo sistema funicular, ou seja, as locomotivas deveriam ser puxadas por cabos. Construída a parte mais difícil do projeto, os ingleses decidiram por finalizá-lo em Jundiaí. Com essa decisão, quem desejasse prolongar a estrada que investisse depois de Jundiaí, pois a São Paulo Railway já teria lucro certo com as taxas cobradas para a inexorável descida da Serra até o porto de Santos.
Preocupados, os cafeicultores locais procuraram o então presidente da província de São Paulo, Saldanha Marinho, e criaram uma estrada de ferro com recursos locais. Fundou-se em Campinas, em 1868, a Companhia Paulista de Estradas de Ferro, configurando-se como a primeira empresa genuinamente brasileira, detentora de 100% de capital nacional. O primeiro trecho da Paulista correspondia às estações:
Estação |
Inauguração |
Município atual |
Distância Km 0 |
Jundiaí |
1872 |
Jundiaí |
00,000 |
Capivari |
1872 |
Louveira |
15,293 |
Rocinha |
1872 |
Vinhedo |
22,291 |
Valinhos |
1872 |
Valinhos |
30,603 |
Campinas |
1872 |
Campinas |
44,042 |
Em onze de agosto de 1872, foi realizada a inauguração oficial, partindo o trem da estação Jundiaí Paulista, percorrendo as estações intermediárias no trecho descrito acima, chegando a Campinas.
Primeira locomotiva da Cia. Paulista de Estradas de Ferro com identificação de numero 1. Ca. 1923. Museu da Cia. Paulista em Jundiaí, SP. Prefeitura de Jundiaí.
Até os primeiros anos do século XX, as estações da Paulista no município de Campinas eram:
Estação |
Inauguração |
Município atual |
Distância Km 0 |
Valinhos |
1872 |
Valinhos |
30,603 |
Samambaia |
1893 |
Campinas |
40,499 |
Campinas |
1872 |
Campinas |
44,042 |
Boa Vista |
1875 |
Campinas |
53,009 |
Jacuba |
1917 |
Hortolândia |
62,605 |
Rebouças |
1875 |
Sumaré |
69,615 |
Pombal |
1902 |
Nova Odessa |
75,623 |
Recanto |
1916 |
Nova Odessa |
78,387 |
Santa Bárbara |
1875 |
Americana |
81,959 |
São Jerônimo |
1896 |
Americana |
87,634 |
Campinas – entroncamento – A estrutura principal da estação Campinas pertencia a Cia. Paulista, e desta iniciava o quilômetro 00,000 de duas ferrovias campineiras: a Cia. do Ramal Férreo Campineiro e a Cia. Mogyana de Estradas de Ferro. Neste espaço ocorria a troca de mercadorias e passageiros entre as três empresas, serviço denominado operacionalmente de baldeação.
Jacuba – permaneceu com esta nomenclatura desde a sua inauguração, em 1917, como posto telegráfico, até 1955 quando ocorreu a emancipação distrito de Rebouças. O novo munícipio, chamado de Sumaré, modificou administrativamente o bairro rural de Jacuba, passando a defini-lo como distrito de Hortolândia. Estas mudanças administrativas levaram a empresa a reclassificar o antigo posto para estação, com a denominação de Hortolândia.
Rebouças – Recebeu o nome em homenagem a um dos seus engenheiros que faleceu em 1873, Antônio Pereira Rebouças Filho. No ano de 1945, o distrito realizou um plebiscito para mudar o nome e, assim, atender à legislação brasileira que, na época, não permitia que dois povoados tivessem o mesmo nome, pois no estado do Paraná já existia uma localidade com esta denominação. O nome escolhido foi o de uma orquídea: Sumaré.
Pombal – Foi criada na fazenda Pombal e, em 1905, atenderia ao recém-criado Núcleo Colonial Nova Odessa. O governo paulista desenvolveu projeto semelhante na região da fazenda do Funil – atual Cosmópolis – com o Núcleo Colonial Campos Sales, na época pertencente a Campinas. Nessa época o nome da estação foi alterado para Nova Odessa.
Santa Bárbara – Inaugurada em 1875, a estação passou a ser chamada de Villa Americana em 1924, com a emancipação do vilarejo. Os imigrantes norte-americanos instalados na fazenda Santa Bárbara, após 1865, acabaram fortalecendo a agricultura local, principalmente com o algodão, mesmo ainda como munícipio de Campinas. A Cia. Paulista adotou o nome de estação Americana somente em 1939.
Companhia Ytuana de Estradas de Ferro, depois Estrada de Ferro Sorocabana
Com o café em expansão e o algodão como o principal produto em Itu e região, formou-se outra ferrovia em 1870, a Cia. Ytuana de Estrada de Ferro, com seu ponto de partida nessa localidade, passando por Indaiatuba e seguindo até Jundiaí, com um ramal em Piracicaba e outro em Campinas.
O projeto original era chegar a Campinas mas, devido a dificuldades financeiras, o trecho foi interrompido antes da parada no bairro Helvetia. Entre as turbulências administrativas e não sendo possível capitalizar ou administrar os imbróglios jurídicos, a empresa foi incorporada pela Estrada de Ferro Sorocabana, em 1892.
No decorrer da fusão, a Sorocabana investiu na ponta de trilhos no sentido oposto, ligando Itu a Mairynque. No inicio dos anos de 1910, a Sorocabana retomou o projeto iniciado pela antecessora, inaugurando bom percentual da superestrutura até o quilômetro 177.
Entre várias crises econômicas e diversos proprietários, o trecho acabou por ser finalizado tardiamente em 1924, chegando até o bairro do Bonfim, próximo a Cia. Mogyana, passando a ser denominado Ramal de Campinas.
A numeração da quilometragem era alta, pelo fato do Km 00,000 da Sorocabana começar na estação Júlio Prestes, na Capital, e a estação Mairynque estar localizada no Km 69,135 da linha tronco de onde abria este ramal, chegando ao final da linha em Campinas com a marcação de km 183,000, correspondendo a partir daquela estação um total de 113,865 km de percurso e 14 estações, dentre elas as quatro citadas abaixo.
Estação |
Inauguração |
Município atual |
Distância Km 0 |
Descampado |
1914 |
Campinas |
161,629 |
Sete Quedas |
1914 |
Campinas |
169,495 |
Quilômetro 177 |
1914 |
Campinas |
177,000 |
Campinas |
1924 |
Campinas |
183,000 |
Estação Campinas Sorocabana por volta de 1924. Campinas. 1924. Museu da Imagem e do Som. Prefeitura de Campinas.
Companhia do Ramal Férreo Campineiro
Enquanto em outras áreas do munícipio a eficiência das ferrovias auxiliava a intensificação da produção cafeeira, o distrito de Sousas ainda dependia de muares para distribuir as suas colheitas, fato este que contribuiu para que no ano de 1889, os fazendeiros do local implementassem a Cia. Ramal Férreo Campineiro.
Estação |
Inauguração |
Município atual |
Distância Km 0 |
Campinas |
1872 |
Campinas |
00,000 |
Guanabara |
1893 |
Campinas |
03,139 |
Cambuí |
– |
Campinas |
05,000 |
Cavalcanti |
– |
Campinas |
09,000 |
Sousas |
1893 |
Campinas |
15,000 |
Joaquim Egídio |
1894 |
Campinas |
20,000 |
Capoeira Grande |
– |
Campinas |
23,000 |
Quedas |
– |
Campinas |
27,000 |
Venda Nova |
– |
Campinas |
28,000 |
Cabras |
1894 |
Campinas |
31,000 |
Campinas – entroncamento – A estrutura principal da estação Campinas pertencia a Cia. Paulista, e desta iniciava o quilômetro 00,000 do Ramal Férreo Campineiro.
Guanabara – A estrutura principal da estação Guanabara pertencia a Cia. Mogyana, que compartilhou as instalações com o Ramal Férreo Campineiro desde a inauguração, em 1893 até 1915, quando a sua sucessora, a Cia. Campineira de Tracção Luz e Força, desativou o traçado que percorria por dentro desta estação.
Joaquim Egídio – Nesta estação abria a chave do Ramal de Santa Maria, onde finalizava a linha férrea na fazenda Santa Maria, cuja estação ficou conhecida como Dr. Lacerda, o proprietário da referida fazenda. Aproximadamente no meio do traçado deste ramal, na fazenda Alpes, havia uma parada com a nomenclatura Alpes.
Composição parada na estação Cabras por volta de 1915. Campinas. 1915. V8. Centro de Memória Unicamp.
Companhia Agrícola do Funil – Estrada de Ferro Funilense
No final dos anos de 1890 ocorreu a criação da Estrada de Ferro Funilense, com sentido para a fazenda do Funil, que nesta época fazia parte de Campinas, atualmente a cidade de Cosmópolis. Em 1903, a estação inicial começa a ser construída com características mouriscas e inaugurada em 1908, levou o nome de Carlos Botelho, onde hoje está o Mercado Municipal de Campinas. Constituía a plataforma de embarque e desembarque no seu lado esquerdo e, no lado direito, o mercado de hortifrutigranjeiros.
Com o fim da ferrovia, o prédio passou a abrigar o Mercado Municipal, mantendo até hoje o mesmo serviço e preservando suas características arquitetônicas, inclusive as cores da pintura original.
Tipo de locomotivas utilizadas na Estrada de Ferro Funilense, estacionadas na Usina Esther. Campinas, 1934. Museu da Imagem e do Som. Prefeitura de Campinas.
Estação |
Inauguração |
Município atual |
Distância Km 0 |
Carlos Botelho |
1908 |
Campinas |
00,000 |
Guanabara |
1899 |
Campinas |
02,000 |
Instituto |
1899 |
Campinas |
04,352 |
Santa Genebra |
1899 |
Campinas |
09,434 |
Capão Fresco |
1924 |
Paulínia |
15,000 |
Santa Terezinha |
1899 |
Paulínia |
18,420 |
José Paulino |
1899 |
Paulínia |
22,376 |
Engenho |
1899 |
Cosmópolis |
25,227 |
João Aranha |
1899 |
Cosmópolis |
27,487 |
Quatemozim |
1910 |
Cosmópolis |
34,211 |
Funil |
1899 |
Cosmópolis |
39,620 |
Br. Geraldo Rezende |
1899 |
Cosmópolis |
42,637 |
Artur Nogueira |
1907 |
Artur Nogueira |
51,927 |
Barreiro Farto |
– |
Artur Nogueira |
62,000 |
Engenheiro Coelho |
1913 |
Engenheiro Coelho |
65,339 |
Piraporinha |
– |
Engenheiro Coelho |
79,000 |
Tujuguaba |
1913 |
Conchal |
80,344 |
Conchal |
1913 |
Conchal |
86,916 |
Quilômetro 92 |
1913 |
Conchal |
92,000 |
Pádua Sales |
1913 |
Conchal |
93,160 |
Carlos Botelho – A estação foi construída após a inauguração da ferrovia, cuja partida era a estação Guanabara da Cia. Mogyana. O prédio foi erigido com duas funções, a primeira já citada e a segunda como mercado público.
Guanabara – entroncamento – Esta estação da Mogyana era administrada junto com a Funilense, desde 1899 até 1960, quando sua sucessora, a Estrada de Ferro Sorocabana desativou o ramal denominado de Pádua Sales.
Santa Genebra – O nome foi adotado por estar em terreno da fazenda onde foi implantada. Com a morte do fundador da ferrovia e dono desta fazenda, em 1905, a diretoria trocou o dístico para Barão Geraldo de Rezende.
Capão Fresco – A Funilense foi vendida para a Sorocabana em 1921. Esta parada era um posto telegráfico até 1924, ano em que erguido o prédio passou a ser chamada de estação Bethel.
José Paulino – Não encontrei dados sobre a troca do nome, porém há textos que se referem às modificações deste trecho pela Sorocabana, em 1921. Acredito que foi neste período que adotaram a nomenclatura de Paulínia.
Engenho – O nome Funchal constava quando a Sorocabana comprou a Funilense, em 1921.
Funil – Em 1905 instalou-se na fazenda do Funil a Usina Esther, nome este que passou a ser adotado.
Barão Geraldo de Rezende – Devido à morte do barão, em 1905, a diretoria mudou o nome da estação, que marcava a sua fazenda – Santa Genebra – para o seu, e troca o nome desta edificação para Cosmópolis.
Companhia Mogyana de Estradas de Ferro
Sabemos que a chegada da ferrovia em Campinas ocorreu por meio da Cia. Paulista de Estradas de Ferro, com as suas estações inauguradas em 11 de agosto de 1872. As premissas da agilidade do escoamento da produção e de maiores lucros fez os agricultores locais idealizarem a Cia. Mogyana de Estradas de Ferro, ainda em 1872. O capital integralizado inicialmente foi de três mil contos de réis, reunidos de Antônio de Queiroz Telles, José Egydio de Sousa Aranha, Antônio Pinheiro de Ulhôa Cintra, Joaquim Quirino dos Santos e Antônio Manoel Proença.
O leito férreo e as construções das oficinas e estações do trecho inicial, que atingiu a região de Mogi Mirim e Mogi Guaçu e de Amparo, foi inaugurado em 1875. Vejamos:
Linha Tronco |
Inauguração |
Município atual |
Distância Km 0 |
Campinas |
1875 |
Campinas |
00,000 |
Anhumas |
1875 |
Campinas |
09,416 |
Tanquinho |
1875 |
Campinas |
19,702 |
Jaguary |
1875 |
Jaguariúna |
32,384 |
Mogi Mirim |
1875 |
Mogi Mirim |
72,759 |
Ramal de Amparo |
|
|
|
Jaguary |
1875 |
Jaguariúna |
32,384 |
Pedreira |
1875 |
Pedreira |
10,279 |
Arcadas |
1875 |
Amparo |
19,511 |
Amparo |
1875 |
Amparo |
29,823 |
Campinas – O km 00,000 estava a uma altitude de 693,00 m e continha uma plataforma de embarque e desembarque para baldeação entre a Cia. Paulista e o Ramal Férreo Campineiro.
Riza – Era uma edificação pequena, localizada na saída do pátio de manobras, no Bonfim, km 00,790 a altitude de 690,78 m, sendo um posto telegráfico para dar apoio aos trens que chegassem ou partissem para a estação Guanabara.
Guanabara – Nos anos 1890, a Mogyana necessitava ampliar as áreas de manutenção e guarda do material rodante, locomotivas, carros e vagões, bem como seus depósitos e armazéns. Contudo, suas oficinas e demais prédios eram compartilhados com a Paulista, na Vila Industrial. Com a dificuldade de expansão, em 1888 a Mogyana passou a investir no espaço que futuramente seria a estação Guanabara. Em 1892, iniciaram-se as obras do armazém e da estação de passageiros. O armazém foi inaugurado em 1893 e a estação em 1894. No decorrer de 1915, a empresa substituiu as coberturas da plataforma por uma gare metálica e ampliou o edifício. Nos anos de 1920, a ferrovia iniciou a construção de novas edificações no fundo do terreno, ficando na parte mais alta um casario para abrigar os ferroviários, e na parte mais baixa, outro conjunto menor de casas operárias e de novos armazéns.
Estação Guanabara. Campinas. 1893. Museu da Imagem e do Som. Prefeitura de Campinas.
Anhumas – Recebeu a mesma denominação da fazenda onde se situava. Esta estação recebia, ocasionalmente, a sobrecarga da estação Guanabara. Construída no primeiro trecho inaugurado em 1875. O pátio continha três linhas e um embarcador para gado. Existia uma caixa d’água com capacidade de 55m3, que funcionava com bomba para abastecer as locomotivas a vapor. Fazia parte da 1° Secção de Tracção do Primeiro Districto de Movimento e da Primeira Residência que era do Km 00,000 ao Km 84,000 da linha principal, começando em Campinas e findando em Casa Branca.
Pedro Américo – No traçado antigo era denominada posto Gety e localizava-se no km 15,643. A nova estação, de 1926, foi construída no km 14,600. Também possuía uma caixa d’água com capacidade de 27m3 e funcionava por gravidade, pois o desnível entre Pedro Américo e Anhumas chegava a 58 metros, o que despendia muito vapor e, após a subida, era preciso abastecer as locomotivas. Nesta área havia um casario designado Turma Três da Conserva de Linha. A estação foi ponto de parada das tropas paulistas durante o conflito em 1932.
Tanquinho – A estação ficava no km 19,702, antes da retificação, construída no primeiro trecho inaugurado em 1875. O novo traçado adotou um desvio destinado à lavagem dos vagões que transportavam gado e, próximo à casa do portador da chave, sentido para Pedro Américo, encontrava-se um embarcador de gado. Também havia uma caixa d’água com capacidade de 55m3. Foi inaugurada no trecho retificado em 1926, no km 19,277 a altitude de 610,00 m.
Desembargador Furtado – A Mogyana mantinha uma colônia de ferroviários que trabalhavam na manutenção do trecho e da ponte sobre o rio Atibaia, denominada Turma 4, localizada no km 24,120. Após a retificação, passou a ficar no km 23,411, a altitude de 583,300 m, inaugurada como estação Desembargador Furtado Nova, em 1926. Entre 1926 a 1929, o traçado, a partir desta estação até a estação Carlos Gomes, a antiga Matto Dentro, era realizado pelo trecho inicial de 1875. Em 1929 foi aberto o trecho novo entre esta estação e a estação Carlos Gomes Nova, desativando em definitivo o trecho remanescente de 1875.
Carlos Gomes – Última estação no munícipio de Campinas, no km 26,261, com altitude de 604,000 m. No período anterior à retificação era denominada de estação Matto Dentro, sendo renomeada em 1897 para estação Carlos Gomes, originando o povoado hoje conhecido como bairro do Carlos Gomes Velho. Com a retificação e o deslocamento da linha, repetiu-se o assentamento de famílias junto à nova estação, inaugurada em 1929, formando o bairro Carlos Gomes Novo. A ligação entre a estação Carlos Gomes Nova e a estação Jaguariúna ocorreu somente em 1945, com a retificação da estação Jaguary para a estação Jaguariúna.
Concluindo, tenho certeza de que os dados aqui apresentados estão em constante transformação. A especulação imobiliária e algumas intervenções do setor público não levam em consideração a importância cultural deste patrimônio ferroviário nacional, desfigurando cada vez mais o conjunto. A nossa proposta foi oferecer uma pequena contribuição para que as informações e as memórias daquele que foi um dos maiores e mais equipados complexos ferroviários do país não se percam.
Referência:
ANNUNZIATA, Antonio Henrique F. O patrimônio ferroviário e a cidade: a Cia. Mogyana de Estradas de Ferro e Campinas (1872-1971). Campinas: IFCH – Unicamp [dissertação de mestrado], 2013.
As teses e dissertações completas estão disponíveis no Repositório da Produção Científica e Intelectual da Unicamp: http://repositorio.unicamp.br
Muito bom.
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Este artigo trará para muitas pessoas que desconhecem as “avenidas” ferroviárias da cidade, a verdadeira função dessas estradas dentro da sua logística funcional. Parabéns!!!
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interessante
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Bela contribuição sobre ferrovias em Campinas
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