Estado de São Paulo: aspectos geográficos

Sao Paulo State, Brazil: geographical references.

Expedito Ramalho de Alencar (in memoriam) – advogado, escritor. Fundador do IHGG Campinas e patrono da Cadeira 49. 

Quando da descoberta, no território do atual estado de São Paulo havia numerosos indícios de que por este habitavam três nações indígenas: Guaianazes, dentre estes os Tamoios; Tupis, entre os Rios Itanhaém e o de Cananeia; e Carijós, entre os Rios Cananeia e o dos Patos. Os Guaianazes ocupavam os campos do Piratininga e o interior e constituíam-se de diversas tribos: Maramonis (Bertioga); Ururay (Campo de Piratininga) e seu chefe era Piquereboi. O principal chefe foi Tibiriçá, que deu sua filha Bartira (batizada Isabel) como esposa a João Ramalho. Os Tupis (chamados também Tupiniquins) tinham várias tribos entre as quais a dos Itanhaéns. Falavam a língua Tupi-guarani.

O atual povo paulista e brasileiro é resultante do caldeamento dos elementos ameríndios, europeus e africanos, como revelam os estudos de Gilberto Freire (Casa-Grande & Senzala), Oliveira Vianna (Evolução do povo brasileiro) e Sérgio Buarque de Holanda (Raízes do Brasil).

O Território

Segundo o Dicionário Geográfico Brasileiro o Estado de São Paulo registra área de 248.898 km2. De Norte a Sul mede 608 km, e de Leste a Oeste 924 km. Acha-se colocado entre 19º 45′ e 25º 15′ da latitude Sul e 0º 45′ e 10º 17′ de longitude ocidental do meridiano do Rio de Janeiro.

Pontos extremos: Ao Norte, cachoeira do Monte Alto no Rio Grande. Ao Sul, barra do Viradouro no Ribeirão de Ararapira (ao Sul da Ilha do Cardoso). A Leste, o divisor da Serra da Bocaina, e a Oeste, a confluência do Rio Paranapanema com o Rio Paraná.

É cortado pelo Trópico de Capricórnio, com cerca de 80% do território acima desse trópico e 20% abaixo.

Altitude de 800m na Serra do Mar e até mais na Mantiqueira, com o ponto culminante no Pico Marins, de 2.422m, e vai declinando até a planície do interior, nas margens do Rio Paraná, com 300m.

Latitude de 23,27º Sul. Pluviosidade em torno de 2.000mm anuais.

O Estado de São Paulo limita-se ao Norte, com o Estado Minas Gerais, pelo Rio Grande e Serra da Mantiqueira. Ao Sul com o Estado do Paraná, pelo Rio Paranapanema e no litoral com a barra do Viradouro, ao Sul da Cananeia. A Leste com Oceano Atlântico e o Estado do Rio de Janeiro. A Oeste com Mato Grosso do Sul, pelo Rio Paraná.

O litoral tem cerca de 600km de extensão, entre a barra do rio Cachoeira da Escada, na divisa com Parati (RJ) até à barra do Viradouro, ao Sul de Cananeia, divisa com Paraná, Há uma planície costeira, mais estreita em Ubatuba e bem mais larga em Peruíbe. Não há uma praia contínua, como no Nordeste. Muito acidentada, com pontas rochosas avançando no mar. Entre umas e outras, dezenas de enseadas, com as praias separadas umas das outras. São quase 300 praias ao longo dos 600km do litoral.

Clima

O Dicionário Geográfico Brasileiro refere-se a duas grandes regiões climáticas: a) litoral e Sul do Estado, com clima tropical, e b) Norte do Estado com clima quente e úmido de verão. Tropical atlântico, no litoral; tropical de altitude, no interior.

Na planície litorânea, de formação arenosa e manguezais, o clima é tropical úmido, com muitas chuvas no verão mais frio e seco no inverno.

No planalto paulista, não chove muito e o clima é quente e no inverno o clima é frio e seco, e quase não chove.

A média climática das cidades litorâneas é mais alta que a das cidades planaltinas, e estas vão sendo mais quentes à medida que diminui a altitude, em direção ao rio Paraná.

Flora

Segundo Tancredo do Amaral (1895): plantas alimentares, de tempero, medicinais e exóticas, como: araruta, arroz, amendoim, batatas, feijão, café, milho, canade-açúcar, cará, jiló etc., e hortelã, pimenta, cebola, tomate, gengibre, alho e salsa; alfavaca, alcaçuz, caroba, cicuta, carqueja, jalapa, quime, salsaparilha, poaia, velane expolina, japecanga; cancela, losna, dormideira, murta, mostarda, baragem, alecrim, alfazema, etc. Entre as madeiras, cita: araritá, cabreúva, angico, peroba, maçaranduba, cumbixaba, canela, cambará, caviúna, ipê, jataí, jacarandá etc. Será que, mais de um século depois, ainda existem?

No litoral, os mangues com arbustos característicos. Nas encostas da serra do Mar, restos da mata Atlântica, em parques públicos com proteção ambiental. Nos planaltos depressões planas, restos de floresta tropical, porque há uma cobertura quase total de culturas permanentes, como laranjais, cafezais, cocais, seringueiras, cana-de-açúcar, fruteiras diversas e culturas temporárias de cereais e hortaliças. Áreas de reflorestamento de pinus e eucaliptos, ao lado do Pico do Jaraguá e para os lados da fronteira com o Estado do Paraná.

Em 1973 restavam apenas 8% de vegetação primitiva, na Serra do Mar e na Serra da Mantiqueira.

A vegetação do litoral arenoso e limoso, encharcado, mal arejado, com alto teor de salinização não se presta a culturas, ressalvadas algumas faixas onde há plantações de bananeiras.

Há registro de babaçu em Pirassununga, caju em Valinhos e Campinas, coco da Bahia em Garças; seringueiras em Jales.

Fauna

Segundo Tancredo do Amaral (1895), em 1894 havia bugios, micos, saguis, onças, jaguatiricas, gatos-do-mato, lobos, quatis, capivaras, cotias, caitetus, tamanduás, tatus, veados. E acrescenta: entre os voláteis encontramos aves de rapina, trepadores, galináceos, corredores, pernaltas e aquáticos. Cita: urubu-rei, urubu comum (gari do espaço), coruja, papagaio, maracanã, periquito, tucano, pica-pau, anu, beija-flor, araponga, andorinha, sabiá, canário, juriti, rola, bem-te-vi, nambu (inhambu), macuco, perdiz, codorna, jacu, jacutinga, ema, seriema, garça, jaburu, flamingo, pato, gaivota, andorinha-do-mar. E prossegue: Entre anfíbios, répteis e batráquios mencionaremos: tartaruga, jacaré, jiboia, sucuri, caninana, urutu, jararacuçu, cascavel, mas tem também jararaca, coral etc.

Ainda segundo Tancredo do Amaral: Entre os peixes há mais de 200 espécies: robalo, garoupa, pescada, tainha, dourado, piracanjuba, geripoca, pacu-açu etc. Moluscos: ostra, marisco etc. Crustáceos: camarões, caranguejos, siris etc. Insetos: borboletas, abelhas, cigarras, grilos, gafanhotos, escarbeos e uma infinidade!

População

O Estado de São Paulo contava, em 1996, com 34.120.886 habitantes. Densidade demográfica: 137 habitantes/km2 . Crescimento demográfico: 2% ao ano (91 a 96). Analfabetismo: 8% (1996). Mortalidade infantil: 26/1000.

A população de São Paulo cresceu vertiginosamente a partir da imigração estrangeira e da chegada dos imigrantes do Paraná, Minas e Nordeste. Em 1811 era de 165.468 habitantes. Em 1872 ainda era de 832.354 habitantes, saltando para 1.384.753 em 1890; 2.282.279 em 1900; 4.592.188 em 1920; 7.239.711 em 1940; e 34.120.886 em 1996.

Na capital, de 1900 a 1970 cresceu para 5.300.000 de habitantes. Em 1900, 240.000; 1940, 1.300.000; 1950, 2.200.000; 1960, 3.800.000; 1970, 5.300.000. O censo de 2000 acusa 10.406.166 habitantes.

Cidades principais

Campinas (terceiro polo industrial do País), Santos (maior porto marítimo), Guarulhos (maior aeroporto), São José dos Campos, Ribeirão Preto, Piracicaba, Sorocaba, São José do Rio Preto, Taubaté, Araçatuba e outras, com grande população e elevado nível de desenvolvimento.

Segundo a ONU (Organização das Nações Unidas), ano de 2000, 12 cidades de São Paulo estão entre as 50 cidades do mundo de melhor qualidade de vida: São Caetano, Santo André, São Bernardo do Campo, Campinas, Rio Claro, Águas de São Pedro, Jundiaí, Pirassununga, São José dos Campos, Ribeirão Preto, Taubaté, Santos, inclusive quatro delas conhecidas como desenvolvidas ao nível de primeiro mundo.

* In memoriam

Referência bibliográfica:

ALENCAR, Expedito Ramalho de. História do Estado de São Paulo. 2a ed. Campinas: Komedi, 2009, 179p.

Deixe uma resposta

Preencha os seus dados abaixo ou clique em um ícone para log in:

Logo do WordPress.com

Você está comentando utilizando sua conta WordPress.com. Sair /  Alterar )

Foto do Facebook

Você está comentando utilizando sua conta Facebook. Sair /  Alterar )

Conectando a %s