A volta dos mortos vivos

Return of the zombies.

Sérgio Galvão Caponi – engenheiro, escritor. Titular da Cadeira 22 do IHGG Campinas.

Aliás, bem mais vivos do que se supõe.

Como zumbis de filme trash, esses defuntos exumados de malfeitos ficam vagando pelas redes sociais e pela mídia dando sustos em desavisados.

Até o Macron entrou nessa. Verdade que a tática de fingir de morto e espalhar fake news deu certo por um tempo e daria mais, caso o aliciamento marxista-adornista à base de denúncias alarmantes, meias verdades e desconsideração de mérito não estivesse tão desgastado.

De toda forma, essa tática lhes foi útil para fugir ao debate pós eleição mal fraudada e agora serve para antepor a Europa contra nós numa manobra estarrecedora.

A que ponto chegam!

Gente diabólica, esses zumbis taxidérmicos empalhados com dinheiro público!

Apesar de que gente seja termo inapropriado para quem esculhambe a imagem do Brasil, afronte nossa soberania e detone o clima de saneamento moral da nação.

Se isso não for traição, então, o que é?

Há 50 anos, essa conversa de internacionalização da Amazônia já configurava tétrica a nos eriçar os brios.

Mas não se imaginava brasileiros alegrinhos agitando a bandeira colonialista de pulmão do mundo quando se está cansado de saber que o plâncton marítimo é que limpa a sujeira atmosférica despejada pelos países industrializados. (Pelo menos enquanto a poluição que produzem não acabar com ele!).

Tudo bem: a gente faz de conta que não sabe disso.

Mas por favor não nos aporrinhem querendo que o Brasil assuma essa conta.

Se o G7 e a Organização das Nações Unidas e Controladas querem interferir, que elaborem normas universais igualitárias e não normas específicas para o Brasil.

O Macron que me desculpe, mas hipocrisia tem limite: a Líbia que o diga.

De mais a mais a floresta siberiana, a segunda do mundo, acaba de perder 54,8 milhões de hectares para o fogo e ninguém deu um pio, já que a Sibéria é estéril e a Rússia tem bomba atômica. Mas se insistem, a gente muda a regulagem das centrífugas. Talvez uma estupidez dessa os afine ao figurino norte coreano.

Importa esclarecer que não enlouqueci a ponto de me opor à preservação da Amazônia, mesmo porque não vejo ameaça nova nem significativa. De mais a mais, nossa produção agrícola não depende dos 66% da mata nativa(!). Essas queimadas sazonais são sabidamente coisa de grileiros e madeireiros (a floresta não queima sem ser derrubada!) e as de 2019 não fogem à regra. Controlá-los numa Amazônia gigantesca e inexpugnável não é fácil. Se, porém, melhor combatidos, mesmo que a custo de menos madeira para móveis na Europa, a coisa endireita, especialmente agora, se o exército com poder de polícia começar a expulsar estrangeiros e prender incendiários.

O que não podemos é abrir mão da soberania só para tirar o Lula da cadeia e reeleger o Macron. Se com apenas 7,8% do território levamos os concorrentes à loucura, imagine se plantássemos tudo desconsiderando os faniquitos da minúscula França, 20 vezes menor que o Brasil, que não preserva quase nada e planta 60% de seu território com agricultura subsidiada. Isso sem mencionar que dos 66% aqui preservados, 21% estão dentro das propriedades e que com 20% menos pastos produzimos 120% mais carne! Ou seja, temos a melhor tecnologia, o melhor código ambiental e a melhor matriz energética do mundo com invejáveis 9% de combustíveis fosseis gerando 100% da eletricidade e movendo 100% da frota com 53% de combustíveis não fósseis.

E olha que não toquei nas mil baleias anuais pescadas pela Noruega, nos 36 contratos de venda a europeus de terras indígenas intermediados pela Funai, na fiscal alemã TÜV SÜD que ferrou Brumadinho e nem nas gigantes da alumina norueguesas Hydro Cred e Norwegian Norks Hydro com seus lagos de rejeitos e dutos clandestinos poluindo os rios amazônicos.

Então Macron: grato por unir os brasileiros e por se interessar tanto pela nossa Amazônia tão virgem e bela, ao contrário dessa nossa Paris, da nossa cultura judaico cristã, da nossa Notre Dame, da nossa Saint-Denis e, porque não, da nossa Brigitte que afinal, por sua irrefreável vocação a Deus conosco (Emmanuel), acabou injustamente ofendida.

Referência:

Artigo publicado originalmente no Correio Popular de 7/9/19.

Um comentário

Deixe uma resposta