Orosimbo Maia, eternal mayor (Campinas, SP, Brazil).
Por Cirilo Luiz de Pardo Meo Muraro – médico, escritor. Titular da Cadeira 13 do IHGG Campinas.
A história política do Brasil é representada por três fases: o Absolutismo Colonial, o Parlamentarismo da Monarquia Unitária e o Presidencialismo da República Federativa. No período Colonial, o Brasil dependia exclusivamente da vontade e das decisões dos reis de Portugal. No Parlamentarismo da Monarquia Unitária, o governo era exercido por imperadores hereditários, cuja atuação era auxiliada por gabinetes que dependiam do parlamento popular. Por fim, no Presidencialismo da República Federativa, o governo é constituído pelo povo e para o povo, e é o regime vigente no nosso país desde a Proclamação da República, a 15 de novembro de 1889.
O primeiro marco do Movimento Republicano data de dezembro de 1870, quando foi lançado no Rio de Janeiro o seu Manifesto. O fato desencadeou a organização de vários clubes por todo o país. Na província de São Paulo, os mais ativos além do da Capital estavam sediados nos municípios de Sorocaba, Campinas, Jundiaí, Piracicaba e Itu.
Na cidade de Itu, em 1873, houve a grande reunião dos clubes, ocasião em que foi fundado o Partido Republicano Paulista (PRP). O encontro ficou conhecido como a Convenção de Itu e teve a participação de cafeicultores, industriais, comerciantes, militares, artistas e intelectuais. Entre eles estavam Rangel Pestana, Américo de Campos, Campos Salles, Bernardino de Campos, Francisco Glicério, Prudente de Morais e muitos outros.
Em Campinas, um jovem começou a participar do PRP a partir de 1881, com apenas 20 anos de idade, por comungar dos seus ideais. Seu nome: Orosimbo Maia.
Orosimbo nasceu em Campinas no dia 13 de dezembro de 1861, tendo sido seus pais José Francisco dos Santos Maia e Antonia Cristina de Camargo Maia. Era filho do segundo casamento do seu pai. Foram seus irmãos Maria Rovena (Tiá), Aurazilia, Sebastião e Arthur. O falecimento de José Francisco, que atuou como partidor judicial, foi publicado no Diário de Campinas do dia 11 de setembro de 1900, tendo ocorrido no dia anterior, às 16h30, aos 86 anos de idade. O féretro saiu às 13h da sua residência, na Rua Barreto Leme, 44. Sua mãe faleceu no dia 9 de janeiro de 1868, deixando Orosimbo órfão com apenas 7 anos de idade. Ele foi batizado aos 60 dias de vida, no dia 14 de fevereiro de 1862, na cidade de Piracicaba, pelo vigário Joaquim Cypriano de Camargo. Foram seus padrinhos Carlos de Arruda Botelho e Marina da Silva Botelho. Orosimbo Maia faleceu em Campinas no dia 9 de abril de 1939, às 12h.
Há muitos anos eu tenho um misto de admiração e curiosidade sobre ele, cuja atuação na cidade de Campinas foi indelevelmente marcante. Com o passar do tempo pude conhecer melhor não só o prefeito, mas também o vereador, filantropo e cidadão, que por quatro vezes exerceu o cargo de prefeito da nossa cidade. Na verdade, três períodos eleito e um como intendente municipal, cujas funções eram as mesmas, porém a escolha se dava por decisão da Câmara Municipal.
Durante longo tempo observei a importância desse homem público na história de Campinas, demonstrada pela grande dimensão de suas realizações e, também, o pioneirismo que o colocou como político acima e adiante do seu tempo, no dizer de muitos, e que estão diretamente ligadas ao seu desenvolvimento. Até os dias atuais, é impossível vivenciar a cidade sem se deparar com as obras de um prefeito de seu quilate, comprometido com as áreas da saúde, sanitarismo, urbanismo, lazer, comércio e outras atividades realmente transformadoras nos campos da cultura e, em especial da educação.
Todos esses fatos se fizeram presentes quando decidi escrever sobre Orosimbo. Essa decisão foi enormemente reforçada por uma razão meramente circunstancial, ligada ao meu casamento. Explico: minha mulher, Tita Muraro, é bisneta de Orosimbo e eu convivo de modo intenso com a família. Por isso recebi e armazenei informações, testemunhos e ouvi histórias da vida do político, contadas por minha sogra, sua neta, e mais ainda de Octavia, avó da minha mulher e uma das filhas do grande prefeito.
Octavia Maia de Freitas Guimarães, a terceira filha de Orosimbo, era extremamente ligada aos movimentos culturais da cidade. Trabalhou mais de trinta anos como bibliotecária do tradicional Colégio Culto à Ciência, o nosso Ginásio do Estado, onde se tornou verdadeira orientadora para os alunos. Mais ainda, lecionava declamação e escrevia peças de teatro, além de ser detentora de cultura invulgar.
Além do amor natural de filha, tinha ela tal admiração pelas realizações de Orosimbo que se aproximava de verdadeira sublimação e, por isso, escreveu vários trabalhos sobre seu pai. Além disso, guardou quantidade enorme de fotos, documentos, cartas e muitas coisas mais, por toda sua vida, o que acabou por constituir-se em verdadeiro acervo do notável homem público. Finalmente, para reforçar o meu atrevimento de escrever um livro sobre Orosimbo Maia, tal acervo, mais uma vez pelas circunstâncias da vida, acabou em minhas mãos.
Apesar da riqueza do acervo, houve a necessidade de mais buscas e consultas aos documentos de várias instituições que se destinam à preservação da memória da cidade de Campinas, sem falarmos ainda na procura que necessitamos fazer em Cartórios, órgãos públicos e entidades.
Desse modo, espero que a minha pretensão tenha se transformado em algo proveitoso e retrate a vida e a trajetória política de Orosimbo Maia, o grande prefeito de Campinas. Com este livro também ofereço à minha Campinas algumas linhas de sua tão rica história.
Referência bibliográfica:
MURARO, Cirilo Luiz de Pardo Meo. Orosimbo Maia, eterno prefeito. Campinas: Pontes Editores, 2016. 234p.
onde posso comprar este livro?
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Livraria Pontes ou http://www.ponteseditores.com.br
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Que demais ! Encontrei duas velhinhas que foram criadas na fazenda dele ! Ele as incentivou a estudar ! Lindo demais, Amo nossa história !
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