For a better life.
Por Duílio Batisttoni Filho – historiador, professor. Titular da Cadeira 6 do IHGG Campinas.
Nos dias atuais, a relação entre as pessoas continua sendo o grande desafio para o bom entendimento humano. Temos saudades de uma época sem violência, das reuniões de família após o jantar e da conversa alegre e descontraída nas calçadas do nosso bairro, antes do advento das TVs e computadores. A verdade é que os relacionamentos ficaram frios e egoístas! O materialismo está em toda parte. A inveja também campeia.
Como diz o poeta: precisamos de pessoas que sejam sinais de vida e de esperança. Crescemos na medida em que unimos sensibilidade e inteligência, explorando com sutileza as sensações que nos permitem perceber melhor o mundo que nos rodeia.
A vida não se mede pelo número de anos, e sim pela qualidade da alegria que se distribui. Ouvir com atenção o que nos dizem as pessoas capacitadas cria relações humanas mais ricas e intensas; aprender a descobrir com arte a beleza oculta nos ambientes costumeiros nos faz mais felizes. Nada disso é luxo. Do contrário, como poderia curvar-se diante do Criador quem, ao invés de perceber a vida pulsante, vê apenas recursos materiais? Como poderia compreender a ética, sem a qual não é possível viver a pessoa que só procura a utilidade e o bem-estar? Precisamos dela na política, no trabalho, na escola e no lar. Ético é aquele que vive a liberdade com responsabilidade. O filósofo francês Gilles Lipovetsky afirmou: o século XXI será ético ou não existirá. Que os nossos dirigentes políticos meditem bastante sobre isso.
Ressalte-se que os desafios deste século são monumentais, ultrapassam nossas expectativas. O homem tornou-se extremamente mais civilizado, mais culto, entretanto, continua com a selvageria própria de sua natureza decaída. Precisamos novamente estar abertos aos valores, cultivá-los e, principalmente, preservar o nosso meio ambiente. Concordamos com Einstein quando dizia: A imaginação é mais importante que o conhecimento. Aliás, o volume deste pode atrofiar aquela.
Problemas que afetam os jovens nos dias atuais — como drogas, violência, corrupção, desemprego — podem desanimá-los, roubando-lhes o entusiasmo, os sonhos e a vontade de lutar por um mundo melhor. Jovens sem sonhos sucumbem aos prazeres imediatos do consumismo e abrem mão do futuro.
As eleições estão próximas e é uma boa oportunidade para que o futuro presidente medite e tome providências para dar aos jovens condições de uma boa educação, estabilidade no trabalho e oportunidades para todos. Só assim o Brasil alcançará as melhores nações do mundo. Pais e educadores precisam respeitar os sonhos e alimentar a esperança deles, mostrando-lhes que a sociedade brasileira pode efetivamente ser mais justa e solidária, que muitas pessoas partilham caladas do mesmo ideal e que pequenas transformações, muitas vezes despercebidas, poderão se multiplicar, desencadeando verdadeiras transformações. Afinal, as grandes conquistas da humanidade já foram sonhos. Na vida, há afinidades, mas também incompatibilidades.
O que nos choca, no Brasil, não é a truculência das agressões noticiadas, mas a impotência na maneira de reagir a tudo isso. Cotidianamente, as TVs mostram cenas estarrecedoras em que horror e circo parecem misturar-se, ao mesmo tempo em que proliferam as estratégias de salvação individual. Para as elites, o que resta é tentar ser feliz individualmente. Mas, na busca desesperada por algo que dê sentido à vida, entretanto, elas parecem perder o mundo e a si mesmas.
O cuidado obsessivo com o bem-estar não apenas realimenta a cultura individualista como também reduplica a irresponsabilidade da pessoa. Em uma pesquisa feita recentemente no Rio de Janeiro com adolescentes e adultos jovens sobre o tema do amor e sexualidade, pudemos notar que a maioria deles não acreditava na possibilidade de realizar-se afetivamente. Portanto, é necessário que haja uma discussão séria dos valores morais da sociedade para que se produza o encantamento necessário, capaz de restituir à figura do próximo sua dignidade moral. O caminho é longo e penoso, e sem uma bússola na mão e um sonho nada teremos.
Excelente artigo desse Historiador. Parabéns!
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Sempre surpreendendo, caro amigo com seus artigos esclarecedores e muito bem escritos, parabéns mais uma vez
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Sempre uma boa leitura…Tenho acompanhado suas publicações. Fizemos um curso de ferias ,na PUC ,com o professor Odilon de Mattos ( um grande mestre).
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