Pedro Américo e a tela “Independência ou Morte” ou “O grito do Ipiranga”

Pedro Américo and his panel: Independence or Death / The Exaltation at Ipiranga Stream.

Por Ivanilde Baracho de Alencar – poetisa, escritora. Titular da cadeira 10, fundadora e Emérita do IHGG Campinas.

Considerado o maior quadro em óleo sobre tela em exposição no País, Independência ou Morte, também designado como O Grito do Ipiranga, foi pintado por Pedro Américo de Figueiredo e Mello.

Em 1885, Pedro Américo, que residia em Florença, Itália, soube que seria construído em São Paulo o Museu do Ipiranga. Veio ele a São Paulo, onde permaneceu por dois meses, analisou cuidadosamente o local onde D. Pedro I teria declarado a emancipação política do Brasil e realizou importantes pesquisas históricas. Recebeu do governador de São Paulo a incumbência de fazer uma tela representando o momento mais importante da nossa história. O pintor voltou para Florença e, entre os anos de 1886 e 1888, e executou seus trabalhos, colocando seus pinceis à obra, em grande estilo óleo sobre tela. A grande tela, O Grito do Ipiranga mede 7,60 metros de comprimento por 4,15 metros de altura. Tudo em um só linho, sem emendas.

Após terminar a tela, Pedro Américo veio ao Brasil em viagem de navio, acompanhando sua importante obra, porém, o Museu do Ipiranga ainda não se encontrava concluído. O quadro foi então guardado no Palácio do Governo e, depois, foi para a Faculdade de Direito, no Largo de São Francisco. Somente em 1894 foi a tela levada para o Museu do Ipiranga, onde permanece até hoje.

Pedro Américo de Figueiredo e Mello nasceu em 29 de abril de 1843, na Vila Real do Brejo de Areia, na Paraíba, hoje designada por Areia e foi batizado na Matriz de Nossa Senhora da Conceição pelo Padre Francisco de Holanda Chacon. Seus pais são Daniel Eduardo de Figueiredo e Mello e Feliciana Cirne de Figueiredo.

Com a idade de 11 anos, Pedro Américo já demonstrava um talento extraordinário para a pintura e suas aptidões foram descobertas por Jacques Brunet, um naturalista francês. Mesmo antes de conhecê-lo, o jovem Pedro Américo já tomara a iniciativa de escrever ao Imperador Pedro II solicitando amparo e ajuda para seus estudos, uma vez que seu pai, um pequeno comerciante, não tinha possibilidade para realizar suas aspirações.

Em 1853, com aquiescência paterna, Pedro Américo partiu em uma expedição de pesquisas no solo paraibano, na companhia de Brunet e vários outros cientistas. Foi benéfica a figura deste francês na vida do jovem pintor areiense.

Em dezembro de 1854 partiu Pedro Américo para o Rio de Janeiro e, matriculado no Colégio Pedro II, estudou latim, francês, aritmética e desenho. Em junho de 1856 foi matriculado na Academia de Belas Artes. Era um estudioso e foi agraciado com várias medalhas de mérito. Seu sonho era o de se especializar em Pintura Histórica.

Em 1859 obteve licença do seu protetor D. Pedro II e partiu para a França onde, após ser aprovado em concurso, matriculou-se na Escola Imperial de Belas Artes de Paris. Ao mesmo tempo cursava o Instituto de Física na Universidade de Sorbonne.

Residiu por vários anos em Florença, na Itália, onde faleceu em 7 de outubro de 1905. Seu desejo era ser sepultado em Areia, sua terra natal, mas só em 26 de abril de 1943, às vésperas da data do centenário de seu nascimento, o grande pintor paraibano descansou num mausoléu erguido no cemitério de Areia.

Nas comemorações de centenário de seu nascimento, a casa em que nasceu foi transformada no Museu Pedro Américo.

Não foi ele somente um grande pintor. Foi também um homem de ciência, filósofo, orador, poeta e romancista. Pintou várias telas, algumas consideradas obras-primas, entre elas: Tiradentes Esquartejado, A Batalha de Campo Grande, os retratos de D. Pedro I e D. Pedro II.

A Batalha do Avaí, no conceito universal, é considerada uma das mais notáveis por seu realismo brutal. Neste amplo painel, com dez metros de comprimento por cinco de largura, Pedro Américo retratou a si próprio em meio ao fragor dessa batalha surpreendeu o povo e, sobretudo, os acadêmicos brasileiros.

Publicado na Revista do IHGGC, N.3. Campinas: Komedi, 2012, pp.29-30.

pedroamerico

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