Historical, Geographical and Genealogical Institute of Campinas: founded July, 14, 2006.
Por Jorge Alves de Lima – advogado, historiador. Titular da Cadeira 42 e Eliane Morelli Abrahão – historiadora, professora colaboradora na Unicamp. Titular da Cadeira 26 do IHGG Campinas.
Campinas completa 243 anos em 2017.
O povoamento teve início anos antes, em 1722, a partir de um bairro rural formado por uma pequena comunidade dedicada à atividade familiar de subsistência, com plantações de milho, feijão, arroz e mandioca e pelos “rancheiros”, cujas casas eram vendas e pouso para tropeiros e bandeirantes, que seguiam rumo a Mato Grosso, Goiás e Minas Gerais em busca de preciosidades.
Em passagem pela cidade, em 1860, J. J. von Tschudi fez o seguinte registro, que depois foi publicado no seu livro: Viagem às províncias do Rio de Janeiro e São Paulo.
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- “Desde há muito tempo, Campinas se firmou como importante centro comercial de algumas comarcas distantes, tanto da província como também da de Minas Gerais, que para ela enviam seus produtos, tais como algodão, toucinho, feijão, queijo etc., recebendo em troca sal, ferramentas, artigos importados da Europa.” (p. 148).
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A data oficial da fundação de Campinas é 14 de julho de 1774. De lá para cá vivenciamos os ciclos econômicos do açúcar, do café e a industrialização. O ciclo do café garantiu-lhe destaque no contexto nacional em função de seu dinamismo econômico, que continuou na fase industrialista.
Transformou-se em Metrópole de 1,1 milhão de habitantes distribuídos por vários bairros e pelos distritos de Joaquim Egídio, Sousas, Barão Geraldo, Nova Aparecida, Campo Grande e Ouro Verde. Está situada a cerca de 100 km da Capital de São Paulo.
Não foi aleatória a escolha de Expedito Ramalho de Alencar quanto ao 14 de julho como data para fundar o Instituto Histórico, Geográfico e Genealógico de Campinas e, na homenagem aos seus 11 anos de existência, ninguém melhor do que Jorge Alves de Lima (Presidente do IHGG Campinas nas gestões 2013-2014 e 2015-2016), e autor de obras como: O ovo da serpente: Campinas 1889, O retorno da Serpente: Campinas 1890 e Carlos Gomes: sou e sempre serei o Tonico de Campinas, para formular algumas palavras nessa efeméride.
Com a palavra … Jorge Alves de Lima
Um dos maiores literatos da Rússia, Vassili Grossman, na sua obra prima Vida e destino, em uma frase lapidar assinalou que:
O tempo é um meio transparente no qual as pessoas surgem, se movem e desaparecem sem deixar traço… No tempo surgem e desaparecem cidades maciças. O tempo as leva e as traz.
O Tempo desagua no homem e no estado, se aninha neles, e depois sai e desaparece, e o homem e o Estado ficam…
Assim é o tempo: tudo passa, mas ele fica. Tudo fica, mas só o tempo passa. O tempo só ama aquelas pessoas que ele gerou: seus filhos, seus heróis, seus trabalhadores.

Expedito Ramalho de Alencar é filho do tempo. Herdeiro amado do tempo. Bem por isso, o seu sonho visionário vislumbrou para o cenário cultural de Campinas a existência de uma instituição que tivesse por objetivo a preservação dos tempos históricos de Campinas, sua geografia e os liames genealógicos dos seus filhos mais ilustres.
Dr. Expedito Ramalho de Alencar, ilustrado advogado, escritor, observador histórico dos repositórios dos fatos, sonhou e muito mais, concretizou o seu sonho criando como filho querido o Instituto Histórico, Geográfico e Genealógico de Campinas.
Ontem mesmo a nossa instituição nasceu alegre, forte e um filho do tempo vivido pelo Dr. Expedito, que o criou com amor, com custos financeiros próprios.
Miguel de Cervantes Saavedra no genial livro Dom Quixote, afirmou que:
A história é êmula do tempo repositório dos fatos, testemunha do passado, exemplo do presente, a advertência do futuro.
Campinas, a terra das tradições generosas, cidade tão ciosa da sua liberdade, quanto fanática pela guarda do precioso patrimônio histórico, cultural e artístico, orgulha-se de ver o Instituto Histórico Geográfico e Genealógico completar o seu décimo primeiro aniversário e infinitamente projetar-se no cenário intelectual do berço de Carlos Gomes, Francisco Glicério, Campos Salles e Guilherme de Almeida.